sexta-feira, 3 de junho de 2016

A história das tiras em quadrinhos


Antes de começar, definitivamente, a falar sobre a produção das tiras, sobre como fazê-las e tudo mais, que tal saber um pouco da História das tiras?

Isso, com certeza, aguçará sua curiosidade para saber mais e mais sobre o tema e trará um pouco de conhecimento, além de atestar o quanto de criatividade e técnica estão envolvidas nessa atividade.

Vamos começar definindo o que são tiras, teoricamente falando...





Tiras são basicamente: desenhos onde há a apresentação de personagens em situações diversas, dispostas normalmente em número inferior a quatro quadros e dispostas, em sua maioria, horizontalmente. São vários os gêneros explorados para essa arte, como ação, aventura, mistério, espionagem, cômicos, policial, drama, heróis e super-heróis.
Podem ser publicadas diariamente, semanalmente ou qualquer outra periodicidade, dependendo do veículo da qual ela está sendo publicada, como por exemplo, revistas, jornais ou internet, que neste último caso, são normalmente denominadas (erroneamente a meu ver) de webcomics.

Dito isso, vamos passar para a parte histórica da coisa, então...

Seria bom iniciar o papo pela sua provável origem, quando a primeira tira de The Yellow Kid (ou O Garoto Amarelo, nome mais conhecido de Mickey Dugan, personagem principal de Hogan´s Alley) que era desenhada por Richard Felton Outcault, foi publicada em preto e branco, no dia 17 de fevereiro de 1895, no jornal New York World.



À partir de 5 de maio, deste mesmo ano, passou a ser apresentada em cores, depois que passou a receber apoio dos personagens secundários. Portanto, além de ser provavelmente a primeira tira em quadrinhos do mundo, foi uma das primeiras a serem impressas à cores. Gradualmente Yellow Kid foi se tornando parte das páginas de domingo e depois passou a aparecer várias vezes na semana.

Yellow Kid era uma criança calva, desdentada, com um largo sorriso no rosto e usava sempre uma camisola amarela. E foi nessa camisola que foram utilizadas, também pela primeira vez, o artifício de usar balões para mostrar as falas dos personagens. Na época a tira do jornal foi descrita como um panorama teatral da cidade, que mostravam as tensões raciais do novo mundo urbano, o ambiente consumista, representado por um grupo danoso de habitantes da Cidade de Nova Iorque, que gostava de lidar com coisas erradas. Ou seja, desde o começo, as tiras são um meio de comunicação para que o artista possa expressar não só a sua opinião, mas também os valores de sua época.



Tiras também são uma maneira de protesto!

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E no Brasil isso é mais do que verdade! É por isso que muitos “tirinistas” acabam fazendo também charges políticas, como no caso de Jean, Glauco ou Angeli. Além de pagar melhor, ou a mais, se você já faz outros trabalhos para o jornal, é uma maneira de expor suas opiniões políticas da melhor maneira possível. É a melhor forma que eu conheço de escoar a indignação contida.

E plus, ainda estimula o seu leitor a pensar! - "Leia aí minha charge e tente dormir com isso!"
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Mas isso depende da mídia da qual você se utiliza para publicar, acredito. Talvez existam casos de editores, ou linha editorial censora? Não sei, antigamente, mais, talvez. Hoje muita coisa mudou!

Uma charge ou tira tem o lado "perigoso" e fantástico de influenciar uma opinião!
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Por falar em censura, um fator quase certo para que a tira ou charge seja limada é a religião. Dependendo do teor dela a confusão é imensa! Portanto, entenda: o ser humano ainda não está preparado para discutir certos assuntos. Ou você pega leve ou aguenta as consequências!


Voltando ao lance histórico, as tirinhas de quadrinhos nos Estados Unidos são distribuídas por Syndicates. Eles funcionam nos mesmos moldes das grandes agências de notícias, só que ao invés de distribuir notícias, distribuem quadrinhos. Aquelas letrinhas que vemos nas verticais das tirinhas americanas, nos jornais brasileiros, são os nomes dos syndicates (ou agências) das quais aquelas tirinhas fazem parte. O King Features é um dos mais tradicionais. Ele detém os direitos de uma penca de personagens “velhos de guerra” como: Recruta Zero, Homem Aranha, Belina, Mandrake, Fantasma, Crock, Zoé e Zezé, Príncipe Valente, Popeye, Hagar, Os sobrinhos do Capitão, entre muitos outros.



Recruta Zero

Sobrinhos do Capitão


O Marinheiro Popeye

Se você manja um pouco de inglês, vale a pena conhecer o site. Lá é que são disponibilizados para vendas em jornais, os vários quadrinhos, com uma breve sinopse e ao menos sete tirinhas de cada autor. Você ainda pode ver as biografias de seus cartunistas preferidos!
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O Fantástico Calvin e Haroldo!


Ainda no tópico História das Tiras e Syndicates, temos algumas curiosidades sobre o tema.

É sabido que o homem começou a desenhar nas paredes das cavernas para contar o seu cotidiano. Se você reparar bem, essa “história desenhada” pode ser encarada como quadrinhos ou até tiras, dependendo do seu ponto de vista; Quando os egípcios usaram a mesma ideia para passar seus costumes e ideologias nas paredes do Egito ou então, na era Cristã, quando a via-crúcis foi contada através de uma seqüência de imagens, tivemos aí o nascimento dos quadrinhos, até que William R. Hearst, dono do Morning Jornal e Joseph Pullitzer, do New York World descobriram que a arte sequencial aumentava a venda dos jornais.

À partir daí, todos os donos de jornais adoraram a ideia e começaram a querer os melhores artistas para seus jornais.

Muito antes da grande demanda pelas tiras diárias, os syndicates já faziam um trabalho de distribuição de noticias principalmente para jornais de pequeno porte que não tinham a estrutura necessária para manter seus próprios repórteres, desenhistas, etc. Essas agências passaram então a contratar desenhistas famosos e distribuir as cópias de suas tiras a vários jornais. Como o custo era baixo, uma vez que contratando o desenhista o syndicate tinha a propriedade de seu trabalho e autorização para fazer quantas cópias quisesse e vendê-las à quantos jornais fosse possível, não tardou até que eles dominassem o mercado editorial norte-americano e também o internacional.




Os artistas que não fossem filiados a algum syndicate dificilmente conseguiam trabalho, uma situação que acontecia não só nos Estados Unidos, mas também em países da Europa e também no Brasil. Houve exceções, mas de um modo geral os syndicates eram quem dominava o mercado das tirinhas diárias. Nos anos seguintes novos formatos de histórias foram criados. Dos heróis espaciais como Buck Rogers e Flash Gordon aos super heróis como Superman e Batman, a popularidade dos quadrinhos ultrapassava as fronteiras norte-americanas pelas mãos dos syndicates e chegava a Japão, Europa e também ao Brasil.








Tiras com super-heróis eram muito comuns no final da década de 30 até os anos 50!


Vemos aí, que as tiras nasceram dos quadrinhos e vice-versa. Não tem como falar de tiras sem falar de quadrinhos (ou comics)!
Com os links que estão disponibilizados nesse post, já dá pra passar a semana inteira lendo muita coisa interessante sobre o assunto e tiras fantásticas!

Então, estejam aqui no próximo post da coluna Tira de Letra!

Falarei de muita coisa interessante, já entrando no assunto “Como fazer Tiras”!

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